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11 de julho de 2013

A MULHER, A ARTISTA E A VOZ.


- O que dizer quando quase tudo já foi dito?
- Brilhante, impecável, competente…

Prefiro, dentre tantos adjetivos; Serena.

Análise, assim tão de pertinho, consegue-se ver a alma da mulher. Sentir sua respiração tranquila, trabalhada. Cada instante é único. Um suor que cai por sobre seu rosto. Uma sorriso de satisfação e, por que não, gratidão? Gratidão sim. Realização, também.
Um começo calmo, simples. Voz, violão e um pequeno facho de luz centrado em seu rosto sereno. Uma multidão silenciosa, tímida e atenta aos pormenores. Já se nota um certo fascínio no ar.
Aos poucos o espetáculo vai tomando forma e intensidade. Gal, agora mais solta, comanda o momento soberana, dona de si e da voz. Entoa os versos de Divino Maravilhoso. A plateia, como se atendesse ao chamado, reage positivamente e participativa.
Tudo Dói, Minha Voz Minha Vida, Deus é o amor dão seguimento a apresentação da artista. Embevecidos os fãs rendem-se ao talento genial da Gal. É notório que o público, maioritariamente, português se identifica com as canções antigas que vão sendo, ao longo do evento, costuradas com as modernas. É compreensível pois tudo que é novo causa estranheza mas, em nenhum momento, percebe-se desaprovação.
Altas horas, mais de hora de show, e temos a sensação que ainda agora começou. É evidente que o ponto alto é “Um Dia de Domingo” onde a Diva imita Tim Maia e leva o público a loucura. Primeiro por que eles adoram essa música. Segundo por que Gal faz deste instante um momento de distração. Ela fica mais próxima do povo se mostrando segura e brincalhona. Chega mesmo a esboçar sorriso por entre os versos da canção. Eu, particularmente, achava desnecessário a inclusão dessa música no roteiro desde o princípio. Acredito que forca e exige muito da musa. Mas, ouvindo ao vivo, tem outra dimensão e entende-se o por que dela está ali. É um momento de descontração e entrosamento com o público.
Vapor Barato é surpreendente. A participação solo de Pedro Baby é irrepreensível. Dá outra dimensão a velha canção. Traz um tom de jovialidade.
Indo em direção ao fim, que pena, tudo está perfeito. Músicas, voz e Gal, claro. A proximidade do fim é apreensiva. Não quero que a Gal se vá; Ninguém o quer. Aplausos, assobios e piropos (elogios, cantadas). Piropos sim. Havia um rapaz atrás de mim que não se cansava de emiti-los. E, ela, por mais que seja uma profissional parece também não querer. É inevitável o fim. A partida daquela que amamos tanto. E la vai ela com o semblante de realização de missão cumprida.
A luz do palco se apaga. Acende a da plateia. Incansavelmente ninguém, absolutamente ninguém arreda o pé. Mais aplausos, assobios… E, lá vem ela para o bis. Mansidão, Força Estra e, inevitavelmente, Gabriela. Mais um adeus, mais aplausos, mais volta, volta… Agora acabou.
Acabou? Que nada! Lá em ela para um bis extra. Admiravelmente, muito educadamente explica que toda programação já foi explorada e os bis ensaiados já não há por que já foram executados. E, pasmem, ela gentilmente se põe à disposição para cantar o que quisermos. É um desencontro de pedidos mas o que mais se ouve-se é; Meu Nome é Gal, Meu Nome é Gal.. e Gal brinca; ah, seu nome é Gal? Engraçado, o meu também…. Pôxa, todo mundo aqui se chama Gal, que maravilha mas, claro, ignora o pedido por que não faz sentido algum. E, a capela, canta “Índia”. Canta no sentido de dizer. Ela diz que quer ouvir o sotaque português e deixa levar-se por ele. Momento único de cumplicidade entre Gal e seus seguidores. Uma clara declaração de amor nossa para ela e dela para nós e Portugal quando entoa a última frase da canção: Todo meu Portugal. Sem palavras ou, usando a habitual sua; MARAVILHOSA.
Quisera poder empregar a frase do Caetano; O tempo não pára e no entanto ele (o artista) nunca envelhece… Sinas do tempo são indeléveis no rosto e na voz. Não tem como negar. Não há por que não vê-los. Estão lá. Somos mortais, infelizmente. Os mais céticos não vêm. Me criticarão. Os mais sensatos concordarão. Outros não opinarão. São marcas de uma história vivida com intensidade e com grandeza. A voz não se mostra cansada mas já não uterina. É normal. Mas, em vários momentos, detetamos o resquício dela lá. Nada que desmereça a performance da artista. Ao contrário, é digno de quem tem um passado, tem história e bagagem musical. Certamente daí os olhares apaixonados dos jovens. Os olhares agradecidos dos já não tão jovens assim, como eu.  


Graciliano Sertão.

28 de setembro de 2012


Como foi que te perdi?

O que mais me custa é fingir que te esqueci quando o meu coração dói de tanto amor. Como foi que te perdi?
Precisar o exato momento da rutura, não sei. Sei que foi um processo lento e gradual, quase imperceptível. Sem dramas nem frustrações. Parece-me que, o amor quando se vai e você tem estrutura, é mesmo assim.
Conflitante canção de vida sempre a ruir o amor no templo da ilusão existencial.
A vontade de chorar vem logo ao amanhecer. Passa o dia e ela continua a persuadir mas, à noitinha, já não a sinto tanto.
Sei que chorei estando ao seu lado. Sofro estando longe. Dizem que o passado fica pra trás. Não sei bem como se faz se ele está presente sempre em meu pensamento. Arrebatamento de lembranças que se fortalece com o passar dos dias.
O que eu quero é diferente do que eu posso. Induzir a vida ao erro não faz bem e advém, com o passar, mágoas.
Caminho numa avenida que parece não ter fim. Encontro a ti, sempre a rir. Vem por aqui por que lá, lugar pra mim já não há. Não sei o motivo da tua felicidade. Tento rir também mas não consigo. Só lembro dos momentos maus. Já não dá pra perdoar os erros, esquecer as palavras proferidas por alguém que se amava.
Sopro o pó cósmico que habita a pele do meu ser antes mesmo d`eu existir. Banho-me com lágrimas de pensamentos caídas ao vento no tempo quente do momento triste.
Correndo assim não chego a lugar algum. Devagar também não. Bem melhor é manter a calma. Um passo de cada vez, sem olhar pra trás nem ansiar muito pelo que vem ao longe.
Longe vai o tempo das aflições e ilusões. Agora tudo é um mar de calmaria. Quero veementemente acreditar nisso.
Um dia tranquilo é muito melhor do que uma vida inteira de agonias. A sustentabilidade do meu ser dá-se com a reciclagem de meus pensamentos. Assegurar a manutenção de ideias há-de ser prioritário em mim. Não dá muito nada bem pra conciliar passado e presente. É um defeito em mim mas quem o faz muito bem? O trem das ilusões já passou. Não o perdi apenas não quis apanhá-lo. Quem nele vai tem meu total apoio mas não serve mais, pra mim, como condução de vida. Prefiro o trem bala, não quero ficar a ver a paisagem ao passar pela janela sem poder pegar. Como não quero ter amor em meu coração sem poder tocar ou sentir. Isso assim é pão que não alimenta a alma, empanturra. É água que não mata a sede, embriaga.
Ir-se por aí contra o tempo, a favor do vento não faz sentido. Não há retorno e só causa transtorno. Voar nas asas da liberdade do pensamento é bastante perigoso pra não dizer arriscado ou será a mesma coisa ou ao contrário? Então pra que contrariar a lógica e arriscar. Não faz sentido e nem é digno. Por alguma razão, a razão tem sempre razão. Pode parecer notório o total controlo que tento deixar tomar conta de mim. É necessário e fundamental pra seguir a estrada bifurcada que é minha vida.
Sertão.

31 de agosto de 2010

O QUE MAIS TE INTERESSA, NÃO ME INTERESSA SABER

Agora não pergunto mais nada sobre absolutamente nada. Não me interessa onde leva a estrada ou de onde ela vem.
Não uso mais artifícios só quero compromisso de falar somente a verdade pra ti.
Não quero olhar pro chão e te dizer te amo nem olhar nos olhos teus e fingir paixão.
Não quero te encontrar, segurar tua mão, andar, sentar e conversar sobre coisas que não mais me interessam.
O que me interessa se nossa selecção foi campeã ou perdeu, quando a alegria que fingia sentir não desperta sequer um sorriso em ti.
Não me interessa se chove ou faz frio. Não quero saber do tempo que faz lá fora nem do quanto tempo resta a minha vida na sua. Não me interessa se tem sol e faz calor, se não sei o que aconteceu ou acontecerá ao nosso estranho amor. Não quero saber quanto tempo tenho perto de ti ou se já nada resta nem tempo nem espaço pra mim.
O que me interessa saber o que aconteceu ao rascunho da nossa vida se o livro que escrevemos está inacabado por já estar acabado.
Não me interessa lembrar do passado nem desejar saber o futuro se não sei se o que hoje vivo irá ficar marcado na minha memória ou se irá ficar na tua história, por um instante.
Não me interessa saber o que mais te interessa.

Sertão.

18 de junho de 2010

O Homem Que Gostava Mais do Cão Que da Família

O cão vinha, o Homem ficava feliz;
A mulher sorria pra ele, ele não via.
O cão corria atrás do osso, ele sorria;
O filho gritava aflito "Pai", não ouvia.
O cão ladrava, ele não se incomodava;
A filha com cólicas chorava, ele estressava.
O cão à noite rosnava, ele achava graça;
A mulher refilava, ele pirava.
O cão rasgou-lhe as calças, usou-as mesmo assim, era moda;
A mulher queimou a camisa a passar, não bateu-lhe mas castigou-a.
O cão tinha sarna e carraça, pra ele era nada;
O filho a cabeça coçava, piolho era ou pior ainda.
A certa altura, fazia confusão na cabeça dos vizinhos;
Quem era família e quem era cão.
O cão morreu. Ele, quase, também;
Bebia e chorava como a morte de um filho se tratasse,
Caía inconsciente por sobre a cova do quadrúpede.
A mulher o deixou;
Com ela os filhos levou.
O Homem...
Correu mas que depressa, urgente e desesperadamente em direcção à beira do cais;
Gritou, chorou, implorou pra ela ficar.
A Mulher...
Não viu nem ouviu;
Sorriu com indiferença,
Partiu sem consciência pesada.
Não ficou triste nem chorou;
Agarrou-se aos filhos como uma cadela as crias protege.
A vida é mesmo assim;
De tanto viver-se determinada situação,
Acostuma-se à sê-lo.

30 de maio de 2010

ANJO OU DEMÔNIO

És um anjo, eu bem sei.
És amiga e é mulher.
És qualquer coisa entre poder e sedução, eu sei que sabes.
Tens o dom de fazer-me voar num espaço imaginário e naufragar no mar do teu amor evasivo.
És sonho e realidade misturados na fantasia de um homem.
És algo entre a fronteira da loucura e da louca paixão, não há dúvidas disso.
És mistura de santo e profano, algo pra além de conflitante, mas isso finges que não sabes.
És menina e fatal, podes ter um beijo doce ou animal. Mas não faz mal; eu quero é por si ser beijado.
Os "entre tantos" fazem a diferença entre seres boa ou cruel ao mesmo tempo.
Poderia pensar que és um demónio pois feri-me o coração de morte e depois sorris como se nada de mau tivesse feito. Mas, depois, sei que és realmente anjo quando passas por mim e exalas um cheiro que conforta minha alma sofrida e por si maltratada.

25 de maio de 2010

SUSCEPTIBILIDADE (Caiu...)


Um velho ao caminhar pela rua; Caiu.
Caetano Veloso, do palco; Caiu.
Uma criança que estava a aprender a andar de bicicleta; Caiu.
Elza Soares, também, do palco; Caiu.
Um rapaz que andava a fazer peripécias da mota para os amigos verem; Caiu.
Fidel Castro; Caiu.
Um artista de circo que fazias manobras no trapézio; Caiu.
Mikhail "Caiu" Gorbachev; Caiu.
Um dia Sertão a andar pela rua; Caiu.
E tu, muito provavelmente, também; Caiu...


MORAL DA HISTÓRIA;


Todos nós somos susceptíveis a algumas quedas na vida.
O que não podemos é sermos todos susceptíveis ao fracasso...
Cair e levantar faz parte do aprendizado;
Continuar no chão é que não.

22 de maio de 2010

SEM DIZER, SEM VIVER...


Minhas palavras ecoam no espaço do tempo do nosso fenomenal tempo
mesmo sem dizer;
Meu amor por você sobrevive no tempo da distância
existente entre nós e a ancestral realidade
mesmo sem viver;
Minha paixão flutua no ar da vida de sentimentos que respiras
mesmo sem a sentir;
Meu pensamento faz você pairar no ar sobre a minha cabeça e chegar a mim
mesmo sem querer;
Minha ilusão irracional acredita na beleza da existência da minha vida na sua
mesmo sem existir;
Meus argumentos negocia o controle dos seus actos baralhados
pelas incertezas das dúvidas da paixão
mesmo sem saber;
Minha prioridade exalta tudo que de bom há no seu ser e se esquece do essencial do meu ser para seres proprietária do meu indefeso e maltratado amor
mesmo sem demonstrar;
Minha experiência experimenta deixar ser seu ser submisso
por um longo instante breve sendo cruelmente eterno
mesmo sem querer;