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31 de agosto de 2010

O QUE MAIS TE INTERESSA, NÃO ME INTERESSA SABER

Agora não pergunto mais nada sobre absolutamente nada. Não me interessa onde leva a estrada ou de onde ela vem.
Não uso mais artifícios só quero compromisso de falar somente a verdade pra ti.
Não quero olhar pro chão e te dizer te amo nem olhar nos olhos teus e fingir paixão.
Não quero te encontrar, segurar tua mão, andar, sentar e conversar sobre coisas que não mais me interessam.
O que me interessa se nossa selecção foi campeã ou perdeu, quando a alegria que fingia sentir não desperta sequer um sorriso em ti.
Não me interessa se chove ou faz frio. Não quero saber do tempo que faz lá fora nem do quanto tempo resta a minha vida na sua. Não me interessa se tem sol e faz calor, se não sei o que aconteceu ou acontecerá ao nosso estranho amor. Não quero saber quanto tempo tenho perto de ti ou se já nada resta nem tempo nem espaço pra mim.
O que me interessa saber o que aconteceu ao rascunho da nossa vida se o livro que escrevemos está inacabado por já estar acabado.
Não me interessa lembrar do passado nem desejar saber o futuro se não sei se o que hoje vivo irá ficar marcado na minha memória ou se irá ficar na tua história, por um instante.
Não me interessa saber o que mais te interessa.

Sertão.

18 de junho de 2010

O Homem Que Gostava Mais do Cão Que da Família

O cão vinha, o Homem ficava feliz;
A mulher sorria pra ele, ele não via.
O cão corria atrás do osso, ele sorria;
O filho gritava aflito "Pai", não ouvia.
O cão ladrava, ele não se incomodava;
A filha com cólicas chorava, ele estressava.
O cão à noite rosnava, ele achava graça;
A mulher refilava, ele pirava.
O cão rasgou-lhe as calças, usou-as mesmo assim, era moda;
A mulher queimou a camisa a passar, não bateu-lhe mas castigou-a.
O cão tinha sarna e carraça, pra ele era nada;
O filho a cabeça coçava, piolho era ou pior ainda.
A certa altura, fazia confusão na cabeça dos vizinhos;
Quem era família e quem era cão.
O cão morreu. Ele, quase, também;
Bebia e chorava como a morte de um filho se tratasse,
Caía inconsciente por sobre a cova do quadrúpede.
A mulher o deixou;
Com ela os filhos levou.
O Homem...
Correu mas que depressa, urgente e desesperadamente em direcção à beira do cais;
Gritou, chorou, implorou pra ela ficar.
A Mulher...
Não viu nem ouviu;
Sorriu com indiferença,
Partiu sem consciência pesada.
Não ficou triste nem chorou;
Agarrou-se aos filhos como uma cadela as crias protege.
A vida é mesmo assim;
De tanto viver-se determinada situação,
Acostuma-se à sê-lo.

30 de maio de 2010

ANJO OU DEMÔNIO

És um anjo, eu bem sei.
És amiga e é mulher.
És qualquer coisa entre poder e sedução, eu sei que sabes.
Tens o dom de fazer-me voar num espaço imaginário e naufragar no mar do teu amor evasivo.
És sonho e realidade misturados na fantasia de um homem.
És algo entre a fronteira da loucura e da louca paixão, não há dúvidas disso.
És mistura de santo e profano, algo pra além de conflitante, mas isso finges que não sabes.
És menina e fatal, podes ter um beijo doce ou animal. Mas não faz mal; eu quero é por si ser beijado.
Os "entre tantos" fazem a diferença entre seres boa ou cruel ao mesmo tempo.
Poderia pensar que és um demónio pois feri-me o coração de morte e depois sorris como se nada de mau tivesse feito. Mas, depois, sei que és realmente anjo quando passas por mim e exalas um cheiro que conforta minha alma sofrida e por si maltratada.

25 de maio de 2010

SUSCEPTIBILIDADE (Caiu...)


Um velho ao caminhar pela rua; Caiu.
Caetano Veloso, do palco; Caiu.
Uma criança que estava a aprender a andar de bicicleta; Caiu.
Elza Soares, também, do palco; Caiu.
Um rapaz que andava a fazer peripécias da mota para os amigos verem; Caiu.
Fidel Castro; Caiu.
Um artista de circo que fazias manobras no trapézio; Caiu.
Mikhail "Caiu" Gorbachev; Caiu.
Um dia Sertão a andar pela rua; Caiu.
E tu, muito provavelmente, também; Caiu...


MORAL DA HISTÓRIA;


Todos nós somos susceptíveis a algumas quedas na vida.
O que não podemos é sermos todos susceptíveis ao fracasso...
Cair e levantar faz parte do aprendizado;
Continuar no chão é que não.

22 de maio de 2010

SEM DIZER, SEM VIVER...


Minhas palavras ecoam no espaço do tempo do nosso fenomenal tempo
mesmo sem dizer;
Meu amor por você sobrevive no tempo da distância
existente entre nós e a ancestral realidade
mesmo sem viver;
Minha paixão flutua no ar da vida de sentimentos que respiras
mesmo sem a sentir;
Meu pensamento faz você pairar no ar sobre a minha cabeça e chegar a mim
mesmo sem querer;
Minha ilusão irracional acredita na beleza da existência da minha vida na sua
mesmo sem existir;
Meus argumentos negocia o controle dos seus actos baralhados
pelas incertezas das dúvidas da paixão
mesmo sem saber;
Minha prioridade exalta tudo que de bom há no seu ser e se esquece do essencial do meu ser para seres proprietária do meu indefeso e maltratado amor
mesmo sem demonstrar;
Minha experiência experimenta deixar ser seu ser submisso
por um longo instante breve sendo cruelmente eterno
mesmo sem querer;

11 de maio de 2010

INEXORABILIDADE

Meu quintal não tem cerca, meu coração não tem medidas.
Meu cachorro não morde, minha casa não tem trancas.
O abismo não existe, vizinho também não há.
Inexorabilidade é imperial na varanda da lembrança esquecida.
Agora me encontro assim;
Feliz sem alegria,
Triste sem tristeza.
Alma vagante, errante,
Corpo cansado, doente.
Assim, agora, vou...
Diz-me alma, se sabes tu,
Qual vã filosofia rege-me o espírito,
Cala-me o coração da voz;
A do oportunismo ou da necessidade?
Se sabes tu, diz-me.
Adquiro novas formas de agir, de reagir.
Conquisto por direito, por querer e ter.
Sem registro nem carimbo.
Só selo de garantia mas sem direitos garantidos.

"DISSECAÇÃO DE UMA VIDA"

Um olhar cinzento perde-se no horizonte entre nuvens distantes em tons púrpuras roubados do crepúsculo do fim da tarde...

Um fio de ar sufoca o soluço que deseja sair do meu peito apertando as paredes do pulmão quase falido contra o coração ensanguentado de remorsos...

Um mar de pensamentos afunda o barco de lembranças incolor e dolor que flutuava à deriva na tempestade dos tormentos sem nenhum porto a vista para atracar...

Um suspiro forte abafa o grito desconcertante da agonia aflitante e envergonhada de não conseguir administrar a sincronia dos meus passos em um andar errante pelas ruas da decepção...

E, por último, uma única lágrima a rolar perde-se por entre os poros da minha face em rubro do meu rosto cansado e molha a falta de compreensão e a angústia da tristeza de um dia ter perdido a ti.
"Um Homem não precisa gritar para ser ouvido. Tão pouco ser um génio, necessariamente, para ser notado".